Quem vai entender cabeça de gente? Em tempos de tanta bagunça
social, política, econômica, ambiental, ele insistiu em abafar a brisa leve,
daquelas que carrega semente e diverte cachorro, que levanta focinho pra sentir o vento. Planta no barro não vingou, cacto sem sol adoeceu. E
isso foi tudo.
Não deu tempo de indicar as crônicas do Caio Fernando ou comentar Jorge Amado e caminhar entre as memórias dele e de Zélia. Parados
ali na esquina entre Guimarães e Drummond, tantas eram as possibilidades de futuro. Mas tomaram
direções opostas, negando aquele encontro, pouquinho de saúde, que significou descanso na loucura.
Como é que intensidade e vontade de viver ainda assustam nesse mundo de tantas voltas assustadoras? Ao olhar pra trás e não enxergar ponto de desencontro, ela avistou nova lembrança. Pensou em Cazuza e na lição da primeira vez: “a gente tem mais é que se apaixonar”. Sorriu. Só assim sabia ser.
Piscou para o céu cinza de frio anunciado, sussurrou bom dia para as flores que coloriam a calçada e se apaixonou pela sua coragem. Era hora de voltar para o papel em branco e escrever estórias.