quarta-feira, 6 de novembro de 2013

No faz de conta


Faz de conta que não se passou uma semana ou alguns anos. Que as batidas da porta não soaram despedida, quando seu olhar me pedia em silêncio para ficar. Faz de conta que agora você é o meu herói, mas que não existem, além de mim, mais noivas pro cowboi. Que podemos voltar à hora do recreio, intervalo para nossa eterna brincadeira de ser dois e falar verdades.

Faz de conta que você já percebeu que eu quero mesmo é falar com você, mesmo sem dizer. Que não existe tempo ou indiferença que valha. Faz de conta que a distância da minha ausência ainda não conseguiu transformar em vazio todos aqueles planos desenhados em muros e estrelas.

Faz de conta que existem dois campeões: o meu time e o seu. Que ainda posso vestir aquela sua camisa, por pura pirraça ou pagamento de alguma aposta tola que nem lembrávamos mais qual seria a prenda.

Faz de conta que a gente agora já não tem medo. O frio e a falta não precisam mais cortar a pele e o coração. Faz de conta que Maria jamais soltou as mãos de João. Não teime em escrever passados ou rimar saudade com maldade. Faz de conta que no nosso era uma vez, a princesa coroada não pulou os muros do seu conto pra viver o mundo. 

Esse texto é um projeto especial do Esquinas com músicas de Chico Buarque e foi inspirado na música "João e Maria".