A vida a ensinara a valorizar o silêncio. Ela aprendeu. Aprendeu até demais. Hoje, anda prolongando o vazio de palavras por sentir sê-lo mais conveniente e seguro.
O silêncio também é inóspito. Em meio a tanta lacuna, não existe terreno fértil. As perguntas não podem ser respondidas se sequer foram feitas. Os sonhos não podem ser compreendidos se nem ganharam expressão. Falta forma, falta gargalhar das besteiras que saem misturadas às palavras necessárias.
Nem toda poesia consegue abafar o ruído cortante de um silêncio. Guiando-se apenas pela obrigação voluntária de buscar tradução para o rebuliço mais dentro do que fora de si, expõe-se em palavras escritas, canta desafinada. Desde menina, crescera perdida entre palavras e imagens. Construíra um mundo próprio. Não mantinha os portões fechados, porém nunca se saíra muito bem em organizar o espaço lá de dentro. Meio avoada, aprendera que em momentos na vida faltava mesmo um chão. Mas que nessas horas a gente deve esquecer o chão, olhar só para o céu... E voar.
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