Foi assim que Tomé encontrou nas palavras as cores que faltavam para enfeitar suas brincadeiras, por vezes pequenas para tanta imagem e ação. Sua teimosia contrastava com seus olhos doces e o menino nunca se deixou estancar pelo medo. Por isso, brincou de amores com a ingenuidade dos que se entregam por completo. Nessa busca, colheu flores e por vezes furou-se com os espinhos que fizeram sangrar. Mas ainda sim, nunca deixou de ver, sentir e viver, esgotando até a última gota.
Para Tomé, a vida é como brincadeira de gangorra, a preferida nos tempos da infância. O constante movimento é o que o mantém vivo. Sentir a brisa tocar seu rosto quando alcança o ponto máximo da altura o faz sorrir com tamanha vontade que dá pra sentir o entusiasmo do seu coração. Quando chega ao chão por feridas ou impossibilidades que lhe arranham a alma, coloca um fone de ouvido para sentir cada nota e traduzir em palavras as batidas descompassadas do mesmo coração, que, impaciente, não tarda a se recompor. É assim, que o menino usa os pés e toma impulso para voltar a subir. Tomé sabe muito bem que seu lugar é mesmo lá no alto.
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