quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Sobre silêncios e vôos


A vida a ensinara a valorizar o silêncio. Ela aprendeu. Aprendeu até demais. Hoje, anda prolongando o vazio de palavras por sentir sê-lo mais conveniente e seguro.

O silêncio também é inóspito. Em meio a tanta lacuna, não existe terreno fértil. As perguntas não podem ser respondidas se sequer foram feitas. Os sonhos não podem ser compreendidos se nem ganharam expressão. Falta forma, falta gargalhar das besteiras que saem misturadas às palavras necessárias.

Nem toda poesia consegue abafar o ruído cortante de um silêncio. Guiando-se apenas pela obrigação voluntária de buscar tradução para o rebuliço mais dentro do que fora de si, expõe-se em palavras escritas, canta desafinada. Desde menina, crescera perdida entre palavras e imagens. Construíra um mundo próprio. Não mantinha os portões fechados, porém nunca se saíra muito bem em organizar o espaço lá de dentro. Meio avoada, aprendera que em momentos na vida faltava mesmo um chão. Mas que nessas horas a gente deve esquecer o chão, olhar só para o céu... E voar.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

De mim, um pouco



Minha página inicial é o Google. Um lacuna em branco espera pela minha definição a ser procurada. A ser pesquisada. A ser acessada. Uma janela com vista pro mar... De informações. Uma forma de abraçar o mundo e, em segundos, me sufocar por ele.


Minha unha está grande e azul quero-estar-diferente. Mas amanhã mesmo pode ser rosa menina, vermelho sensual ou roxo deu-na-telha. Posso mantê-las ruídas por um tempo. Minha ansiedade me devora. Meu reflexo no espelho não me define. Não me sinto dona desse corpo que me olha de volta. Olho no fundo dos meus olhos refletidos e não me detenho. Tenho pressa.


Quero a maresia de um fim de semana de pijamas. Quero a alegria da festa com os amigos, os conhecidos, os desconhecidos. Quero estudar e falar sem maiores dificuldades daquilo que amo. Quero ter sempre na ponta da língua o sabor do por quê pronto a ser esclarecido por quem sabe mais. Por quem sabe diferente. Por quê tem sabor pirulito de infância. Quando a resposta não vem, é porque o doce acabou antes da vontade.